
Na semana em que celebramos o Dia Internacional da Mulher trazemos uma reflexão importante – como a tecnologia tem sido integrada à vida das mulheres? Aquele mito de que as mulheres são mais “multitarefa” que os homens já caiu por terra. A realidade é que as mulheres acabam assumindo mais responsabilidades e estão exaustas por isso. Nesse contexto, a tecnologia pode ser uma grande aliada, especialmente a internet, e as femtechs (termo utilizado para designar startups voltadas para o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a saúde e a rotina feminina) se destacam.
Saúde
Que as mulheres se cuidam mais que os homens não é novidade. E os aplicativos são aliados importantes nesse quesito, para auxiliar as mulheres a monitorar constantemente seus indicadores de saúde – o que se tornou necessário com o distanciamento social provocado pela pandemia. Desde a fertilidade, o ciclo menstrual, até a gravidez e o controle de peso e medidas, as ferramentas digitais ajudam mulheres do mundo todo a se manterem saudáveis.
No caso das gestantes, o leque de aplicativos disponíveis é gigante, indo desde o planejamento com controle da ovulação e o diário da gestação até o acompanhamento do crescimento do bebê e amamentação. A evolução tecnológica que facilitou a comunicação entre as pessoas com os aplicativos e mensagens instantâneas também é um ponto a favor, afinal, hoje em dia é muito mais fácil falar diretamente com o obstetra ou pediatra, por exemplo, diretamente no WhatsApp.
Rotina
Mulheres não são multitarefa, elas são sobrecarregadas. Com a pandemia, a realidade enfrentada por mulheres do mundo todo foi de muita dificuldade. Para aquelas que vivem em melhores condições – o excesso de trabalho acumulado com as tarefas domésticas e a educação dos filhos, tudo junto num home office inesperado, tem sido desafiador. A tecnologia figura como essencial nessa rotina familiar que muitas vezes é capitaneada pelas mulheres. Segundo o IBGE (2020), 12 milhões de mulheres brasileiras chefiam seus lares sozinhas.
Nesse ponto, contar com a internet e todo o seu potencial dentro de um lar é essencial. Entram na lista programas e aplicativos para aulas e reuniões online; jogos educativos; streaming de vídeos; e muitos outros instrumentos pra ajudar a executar tarefas e entreter as crianças. Além das ferramentas que ajudam a organizar a própria rotina em si, definindo lembretes, prazos e agendando compromissos.
Mente sã, corpo são
Pra dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo é preciso cuidar da saúde mental. E aí a tecnologia entra em jogo mais uma vez. Seja no smartphone, no assistente doméstico ou no computador, existem diversos aplicativos e canais de meditação e oração, por exemplo, que garantem ao usuário momentos de dedicação a si e à espiritualidade.
Não dá pra esquecer da leitura, afinal, o público feminino representa 52% dos leitores, enquanto os homens somam cerca de 48% (Fundação Pró-livro, 2016). Os tradicionais livros impressos continuam sendo amados e consumidos, mas as versões digitais estão ganhando espaço. Só no Brasil o crescimento no consumo dos e-books foi de 115% nos últimos três anos (Câmara Brasileira do Livro, de 2016 a 2019). Para isso, os aparelhos leitores de livros digitais (como o Kindle, Lev ou Kobo) estão cada vez mais acessíveis, oferecendo uma experiência de leitura prática e moderna.
Desigualdade
Mesmo com pequenos avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Segundo um relatório lançado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), desenvolvido pela Universidade de Oxford (2020), as mulheres possuem menor probabilidade de possuírem aparelhos digitais e acesso à internet na América Latina, o que acaba reforçando a desigualdade de gênero. O estudo foi feito em 23 países, incluindo o Brasil, e mostrou que o hiato digital entre homens e mulheres pode refletir no acesso a melhores ocupações no mercado de trabalho, por exemplo.
Com o avanço tecnológico, o que a gente espera é que meninas do mundo todo tenham tanto acesso e oportunidade quanto os meninos, além de serem vistas com igualdade e não resumidas a ocupações e profissões apenas do espectro feminino. Se há 30 anos o universo tecnológico era voltado para os meninos (e isso refletia no cinema, na TV e nos brinquedos), hoje isso tem mudado. As mulheres estão cada vez mais inseridas nesse universo, nas universidades, laboratórios e fábricas – ocupando desde as funções mais simples até os cargos de chefia de gigantes de tecnologia no mundo. Que essa tendência continue crescendo.
Por Camila Mitye
Equipe Zap